Em 18 de dezembro de 2023, o Vaticano divulgou um documento oficial autorizando, pela primeira vez, a bênção de casais do mesmo sexo e de casais em “situações irregulares” para a Igreja Católica. A proposta estabelece que essas bênçãos devem ocorrer fora de qualquer rito ou imitação do matrimônio religioso, mantendo a posição da Igreja contrária ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O documento, aprovado pelo Papa Francisco, especifica que “essa bênção nunca ocorrerá ao mesmo tempo que os ritos civis de união, nem em conexão com eles. Nem mesmo com as vestes, gestos ou palavras próprias de um matrimônio”. A bênção poderá ser realizada por um ministro ordenado — diáconos, presbíteros ou bispos — em contextos como visitas a santuários, encontros com sacerdotes, orações em grupo ou durante peregrinações.
Esta iniciativa marca a primeira vez que a Igreja Católica abre caminho de forma clara para a bênção de casais do mesmo sexo, um tema que tem gerado tensões internas, especialmente entre alas conservadoras, notadamente nos Estados Unidos. Embora não reconhecidas oficialmente pela Santa Sé, algumas bênçãos a casais do mesmo sexo já ocorreram em países como Bélgica e Alemanha.
A declaração foi emitida seis semanas após a conclusão do Sínodo sobre o futuro da Igreja Católica, uma reunião mundial consultiva onde bispos, mulheres e leigos discutiram questões sociais, incluindo a aceitação de pessoas LGBTQIA+ e a situação de divorciados que se casaram novamente. No início de outubro, cinco cardeais conservadores solicitaram publicamente ao Papa uma reafirmação da doutrina católica sobre casais homossexuais, porém o documento final do Sínodo não abordou essa questão.
Em 2021, o Vaticano havia declarado que padres e outros ministros não poderiam abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo, afirmando que “Deus não pode abençoar o pecado”. Essa posição foi vista como uma vitória para a ala mais conservadora da Igreja. Embora o Papa Francisco tenha apoiado a proteção legal de uniões homoafetivas na esfera civil, ele não havia estendido esse reconhecimento ao âmbito religioso.