No sábado, 5 de abril de 2025, os Estados Unidos testemunharam uma das maiores mobilizações populares em décadas. Com o lema “Hands Off!” — traduzido como “Tirem as mãos!” —, mais de 1.200 cidades dos 50 estados americanos foram palco de manifestações contra as políticas do presidente Donald Trump e a crescente influência de Elon Musk no governo federal.
O movimento foi organizado por mais de 150 entidades, incluindo sindicatos, organizações de direitos civis, ativistas da democracia e defensores da comunidade LGBTQIA+. As manifestações foram pacíficas, mas marcadas por forte emoção e exigências claras: preservação da democracia, proteção à Previdência Social, respeito aos direitos humanos e à diversidade.
O retorno de Trump à presidência trouxe consigo uma série de decisões controversas: cortes drásticos em programas sociais, demissões em massa no funcionalismo público, ataques diretos a populações imigrantes, pessoas trans e à comunidade LGBTQIA+ em geral.
A atuação de Elon Musk, agora nomeado chefe do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental, tem sido alvo de duras críticas. Sob o pretexto de “reduzir custos”, Musk vem promovendo o fechamento de agências públicas e o desmonte de serviços essenciais, como programas de saúde e assistência social. Milhões de americanos já sentem os impactos dessas mudanças.
Em Washington, no National Mall, Kelley Robinson, presidente da Campanha de Direitos Humanos, discursou para uma multidão atenta:
“Eles estão tentando proibir nossos livros, estão cortando o financiamento da prevenção do HIV, estão criminalizando nossos médicos, nossos professores, nossas famílias e nossas vidas. Não queremos essa América, pessoal. Queremos a América que merecemos, onde dignidade, segurança e liberdade não pertençam a alguns de nós, mas a todos nós.”
Na cidade de Boston, a prefeita Michelle Wu também se manifestou:
“Eu me recuso a aceitar que meus filhos cresçam em um mundo onde imigrantes como sua avó e seu avô são automaticamente considerados criminosos.”
As manifestações se espalharam de norte a sul, leste a oeste. Em Seattle, os cartazes diziam “Lute contra a oligarquia”. Em Columbus, Ohio, o aposentado Roger Broom, de 66 anos, declarou ter abandonado o Partido Republicano:
“Ele [Trump] está destruindo este país. É apenas uma administração de queixas.”
Na Flórida, centenas se reuniram em Palm Beach Gardens, a poucos quilômetros do campo de golfe onde Trump passava o dia. Entre buzinas de apoio e palavras de ordem, Archer Moran, de Port St. Lucie, resumiu:
“A lista do que eles precisam manter longe é muito longa.”
Desde o início do novo mandato de Trump, diversos atos de resistência surgiram, mas nenhum com a força e abrangência dos protestos Hands Off!. O movimento ecoa mobilizações históricas como a Marcha das Mulheres (2017) e os protestos do Black Lives Matter (2020), reacendendo a chama da resistência popular.
Em Charlotte, Carolina do Norte, Britt Castillo, de 35 anos, expressou o sentimento de muitos:
“Independentemente do seu partido, o que está acontecendo hoje é abominável. A maneira como o atual governo está tentando consertar as coisas — não é a maneira de fazê-lo. Eles não estão ouvindo as pessoas.”
Enquanto Trump jogava golfe no domingo seguinte, o país ainda reverberava os ecos dos protestos. A mensagem foi clara: o povo está atento, organizado e disposto a lutar pelos seus direitos.