Em 5 de abril de 2025, São Francisco foi tomada por uma multidão determinada. O Civic Center Plaza virou palco de um grito coletivo contra as ações do ex-presidente Donald Trump, em uma cena que não via paralelos tão fortes desde os protestos da Guerra do Vietnã.
Esses protestos, batizados de “Hands Off!”, não foram liderados por políticos ou grandes nomes da mídia. Vieram de onde realmente importa: do povo. Pessoas comuns, com vidas distintas, mas uma indignação em comum, ocuparam as ruas com cartazes, palavras afiadas e memórias de lutas passadas.
“Me sinto tão intenso quanto quando tinha 20 anos,” disse Jim Sanderson, veterano da Guarda Nacional, enquanto marchava pelas ruas da cidade. Ele se lembrava claramente de 1970, quando os EUA estavam em colapso moral durante a guerra. Só que agora, segundo ele, o perigo vinha de dentro.
“Isso foi muito, muito… estava nos separando, a guerra e tudo mais,” afirmou. “Eu me sinto assim de novo, mas agora o inimigo vem de dentro.”
Sanderson não está sozinho. Ele representa um espírito que parecia adormecido, mas que ressurgiu com fúria. Um espírito que diz: basta.
As ruas da cidade refletiam um verdadeiro mosaico de rostos — jovens, idosos, pessoas LGBTQIA+, mães, filhos, trabalhadores, estudantes — todos unidos por um objetivo: barrar políticas que ameaçam os pilares democráticos e os direitos sociais.
Alex U. Inn, ativista de São Francisco, foi direto ao ponto:
“Obrigado por nos lembrar que às vezes a única maneira de ser ouvido é perturbar o status quo.”
Entre os manifestantes estava Mai Alys, da East Bay. Sua preocupação? Os cortes na Previdência Social. Mas também, o futuro coletivo.
“Não há ninguém que não tenha mãe, pai, avó ou avô na Previdência Social,” disse. “Eu não acho que vai realmente ser realizado. Eu não, porque há 70 milhões de pessoas que vão para as ruas e jogam esse cara em uma lixeira, sabe?”
Os protestos “Hands Off!” se espalham por diversos estados, inclusive os considerados “vermelhos”, onde o apoio a Trump antes parecia inabalável. O grupo por trás da mobilização quer deixar claro: até os eleitores conservadores estão reavaliando suas escolhas.
Susan Austin, co-líder da região Mid-Peninsula, resumiu a missão:
“Mais e mais pessoas estão dizendo que este não foi o Trump em que votei. Essas não são as ações que eu estava pensando que estava recebendo com Trump.”
O ponto alto do protesto talvez tenha sido a constatação de que a resistência verdadeira começa nas ruas, quando a classe política falha. Sanderson, do outro lado da praça, assistia com alívio. Nas primeiras semanas do novo ciclo político, ele se sentiu sozinho.
“Não houve resistência de ninguém. Nenhum. E por um minuto pensei que era o único que sentia cheiro de fumaça na casa — era um incêndio,” disse ele. “Não foi até que as pessoas começaram a recuar e começaram a dizer: ‘Muitas pessoas não concordam com isso’, foi quando eu senti: ‘Que bom. Agora tenho que encontrar algo para fazer.’”
E ele encontrou. Como tantos outros, Sanderson fez o que muitos chamam de simples, mas que é, na verdade, revolucionário: apareceu. Protestou. Se fez ouvir. Porque, em 2025, o silêncio já não é uma opção.