Justiça garante cirurgia facial para mulher trans em Goiás

Justiça garante cirurgia facial para mulher trans em Goiás

Uma mulher trans de Goiás conquistou um direito fundamental que, por muito tempo, foi negado a inúmeras pessoas da comunidade LGBTQIA+: o acesso à cirurgia de feminização facial com cobertura total pelo plano de saúde. A decisão foi emitida pelo Tribunal de Justiça de Goiás, após uma ação movida pela Defensoria Pública do Estado.

Negativa do Ipasgo e resposta da Justiça

O Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo) havia recusado a cobertura da cirurgia alegando que se tratava de um procedimento meramente estético. A Defensoria Pública, por sua vez, defendeu que a cirurgia não tem apenas finalidade estética, mas é um procedimento terapêutico, essencial para o bem-estar psicológico e social da paciente. O tribunal acolheu essa argumentação e determinou a realização da cirurgia com cobertura integral.

Fundamentação baseada na legislação de saúde

A decisão judicial se fundamenta em normativas do Conselho Federal de Medicina e na Portaria nº 2.803/2013 do Ministério da Saúde. Ambos os documentos reconhecem que os procedimentos de afirmação de gênero fazem parte do cuidado integral à saúde da população trans, ampliando a compreensão sobre o que é direito básico e necessário à dignidade humana.

Uma jornada de mais de uma década

A paciente iniciou seu processo de transição em 2011, passando por diversas etapas: acompanhamento médico, hormonioterapia, cirurgia de redesignação sexual e retificação de documentos. No entanto, a ausência da feminização facial ainda era uma fonte constante de sofrimento, afetando a forma como era percebida por outras pessoas — inclusive profissionais de saúde — e provocando um impacto direto em sua saúde mental.

Ela descreveu a decisão como um marco libertador, simbolizando o fim de um ciclo de luta pessoal e institucional. O reconhecimento legal de sua identidade, inclusive na expressão física, representa mais do que um procedimento: é uma afirmação de cidadania e humanidade.

Precedente para outras ações no estado

A Defensoria Pública de Goiás destacou que esse caso tem potencial para beneficiar outras pessoas em situações semelhantes, já que pode servir de precedente jurídico dentro do estado. A decisão reforça a responsabilidade do poder público em garantir políticas inclusivas e efetivas para a população LGBTQIA+, especialmente no campo da saúde.

Acesso à saúde é dignidade

Esse julgamento reforça uma premissa simples, porém constantemente negada às pessoas trans: acesso à saúde é acesso à dignidade. A cirurgia de feminização facial, quando negada, não é apenas um entrave estético, mas uma forma de violência institucional contra a existência e expressão de gênero.

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