Jovens trans enfrentam repressão sob governo Trump nos EUA

Jovens trans enfrentam repressão sob governo Trump nos EUA

Com apenas três meses no poder, o presidente americano Donald Trump já conseguiu desmontar os avanços mais recentes nos direitos das pessoas trans nos Estados Unidos. Entre ordens executivas e decretos polêmicos, a nova administração impôs retrocessos que impactam profundamente a vida da comunidade LGBTQIA+ — especialmente dos mais jovens.

Entre os afetados está Lorelei Crean, de 17 anos, moradora de Washington Heights, em Manhattan. Entre visitas a universidades e os projetos escolares, ela lida com algo que muitos jovens não deveriam enfrentar: uma rotina de ativismo forçado.

“Tem sido demais. Sinto como se tivesse que ir a alguma coisa toda semana”, afirma Lorelei, que se viu obrigada a protestar constantemente contra as medidas do novo governo.

Retrocesso em série: fim de proteções e direitos civis

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A repressão começou com declarações contundentes. Em janeiro, Trump decretou que “existem apenas dois gêneros: masculino e feminino”, eliminando qualquer reconhecimento oficial para identidades não binárias. Logo em seguida, suspendeu a emissão de documentos com marcador de gênero “X”.

Em abril, uma nova ordem executiva obrigou instituições que recebem financiamento federal a encerrar tratamentos de transição para menores de 19 anos. Trump também deu carta branca ao seu novo secretário da Saúde para eliminar práticas afirmativas voltadas a jovens trans.

As restrições se estenderam ainda à tentativa de barrar pessoas trans no exército, apagar referências à comunidade em conselhos oficiais e punir estados que permitem a participação de atletas trans em competições.

A resistência começa cedo

Lorelei, que recentemente recebeu sua certidão de nascimento com marcador “X”, sente que sua própria existência colide com a retórica do presidente.

“Minha existência está, de certa forma, em desacordo com a declaração de Trump”, reflete ela, em um parque perto de sua casa.

Mesmo em estados considerados progressistas, como Nova York, os efeitos das ordens de Trump já são sentidos. Uma rede hospitalar local acatou a proibição de oferecer tratamentos de transição para menores, o que Lorelei vê como um “primeiro sinal” de que o novo governo será “diferente de tudo o que veio antes”.

Pressão constante e decisões difíceis

Pressão constante e decisões difíceis

Lorelei tenta manter o equilíbrio entre os estudos e a militância, mas admite que é um fardo pesado.

“É algo que afeta a todos nós, não apenas a mim, como jovem trans, mas a todos os meus amigos, pessoas negras e outras pessoas queer. É um ataque diário às pessoas.”

Decidir onde estudar se tornou mais complexo do que nunca. A jovem explica que as leis estaduais agora influenciam diretamente suas decisões sobre quais faculdades visitar ou se inscrever.

“Dependendo do estado, não terei direitos”, explica.

O pai de Lorelei, Nathan Newman, de 57 anos, diz que, apesar do peso emocional, ver a filha engajada na luta trouxe esperança:

“Foi bom que eles conseguiram canalizar isso, não para se sentir sem esperança, mas para ver que podem fazer algo.”

Coragem diante da adversidade

Lorelei não pensa em recuar. Ela promete continuar nas ruas, inspirando outros jovens a resistirem ao avanço das políticas que tentam apagar suas identidades.

“Há pessoas que estão indo às ruas e que não teriam feito isso antes”, diz, com esperança de que a mobilização se torne maior que o medo.

Em um cenário de incertezas, a juventude trans norte-americana mostra que, mesmo sob ataque, é possível resistir com força, coragem e dignidade.

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