Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra

Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra

Em 2025, as mulheres Sem Terra do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizam sua Jornada Nacional de Lutas de 11 a 14 de março, com o lema “Agronegócio é violência e crime ambiental, a luta das mulheres é contra o capital!”. A jornada, que acontece em todas as regiões do Brasil, visa apresentar à sociedade as bandeiras de luta das mulheres do Campo, das Águas e das Florestas, além de denunciar as agressões provocadas pelo agronegócio no país.

Durante esses dias de mobilização, as mulheres se envolvem em encontros, mutirões de plantio, formações, marchas e protestos. A jornada denuncia as violências perpetradas pelo agronegócio, desde a expropriação dos corpos femininos e dos territórios até o envenenamento das populações e da terra. Além disso, expõe a mercantilização dos alimentos e dos recursos naturais, resultando na escassez de rios, no aumento da fome e nas desigualdades sociais, tudo isso agravado pela crise ambiental.

A jornada busca combater o modelo de produção capitalista, que favorece as relações patriarcais, racistas e exploradoras do trabalho das mulheres, principalmente as mulheres negras. Lucineia Freitas, dirigente nacional do setor de gênero do MST, explica que, ao se posicionarem contra o capital, as mulheres Sem Terra questionam as bases dessa estrutura e propõem alternativas de organização da vida, com foco em práticas agroecológicas e feministas.

Apesar de se apresentar como um modelo de desenvolvimento através do discurso de “AGRO TECH, AGRO POP, AGRO TUDO”, o agronegócio esconde sua verdadeira face de exportador de commodities que gera violência, fome e destruição ambiental. Esse sistema de monocultura e uso intensivo de agrotóxicos não só envenena a terra e a água, mas também afeta a saúde das populações e a alimentação básica da população brasileira.

Como alternativa ao agronegócio, as mulheres Sem Terra destacam a importância da Reforma Agrária Popular, essencial para enfrentar a crise climática, a fome e as violências que afetam tanto o campo quanto as cidades.

A violência contra as mulheres, especialmente as mulheres negras e as meninas, também é uma questão central na jornada. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2023, o Brasil registrou o maior número de feminicídios da história, com 1.463 mulheres assassinadas. Essa violência afeta diretamente as camponesas, que enfrentam ainda mais desafios nas áreas de Reforma Agrária.

Além disso, o Brasil ocupa a quinta posição no mundo em mortes violentas de mulheres, com destaque para os estados das fronteiras agrícolas, que estão entre os mais violentos para as mulheres e para as pessoas LGBTQIA+.

Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, tem suas raízes no movimento operário e foi estabelecido em 1917 após uma manifestação em Petrogrado, que exigiu melhores condições de vida e o fim da participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial. A data simboliza a luta histórica das mulheres por direitos e igualdade.

A Jornada do 8M, que marca o início do calendário de lutas do MST, é um reflexo da resistência, da ousadia e da combatividade das mulheres Sem Terra. Elas mantêm a força de lutar pela Reforma Agrária Popular, como um caminho para o fim da fome, o enfrentamento da crise ambiental e o combate à violência no campo.

As mulheres Sem Terra seguem despertas e semeando resistência, conscientes de que a luta pelos direitos das mulheres é permanente e que os direitos das mulheres são sempre os primeiros a ser atacados em tempos de crise. Elas resistem, reafirmando que não serão menos, que o território e os corpos devem ser respeitados, e que uma nova organização da vida é possível.

A jornada é, assim, um chamado para que as lutas da classe trabalhadora sigam firmes, com a força e os afetos que as mulheres Sem Terra cultivam todos os dias em sua terra, no rompimento das cercas do latifúndio e do poder patriarcal e racista.

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