Na esteira de medidas cada vez mais rígidas implementadas por governos estaduais conservadores nos Estados Unidos, países da Europa emitiram alertas específicos para seus cidadãos transgênero que planejam visitar o território norte-americano. A iniciativa ocorre em resposta à escalada de legislações discriminatórias que limitam o reconhecimento e os direitos de pessoas trans, além de promoverem um ambiente hostil à diversidade de gênero.
Diversas nações da União Europeia, incluindo Reino Unido, Alemanha, Espanha e França, passaram a orientar formalmente que cidadãos trans avaliem com cautela viagens aos Estados Unidos, sobretudo aos estados onde leis anti-trans foram aprovadas recentemente. Os comunicados destacam a importância de considerar fatores como restrições legais ao uso de banheiros, mudanças em documentos oficiais e limitações à assistência médica relacionada à transição de gênero.
O alerta europeu ocorre em paralelo ao endurecimento das políticas federais norte-americanas sob influência de alas ultraconservadoras. Um dos pontos centrais da polêmica foi o recente decreto que determina, de forma categórica, que “existem apenas dois sexos biológicos: masculino e feminino”. Essa visão biologicista impõe sérias consequências práticas para pessoas trans, afetando o acesso a direitos civis básicos, como a atualização de documentos pessoais, a proteção em ambientes educacionais e o uso de espaços públicos conforme a identidade de gênero.
Embora a gestão atual dos EUA tente reverter algumas medidas, ainda persistem diversas políticas herdadas do governo Trump, que instituiu restrições rígidas à emissão de passaportes para pessoas trans. As novas regras obrigam que os documentos reflitam exclusivamente o sexo atribuído ao nascimento, anulando o reconhecimento da identidade de gênero e forçando muitos cidadãos a optar entre sua segurança e o direito de existir com dignidade.
As consequências dessas políticas ultrapassam o campo jurídico e geram um clima generalizado de insegurança. Para turistas trans, o simples fato de atravessar a imigração norte-americana pode se tornar um processo violento e invasivo. Ativistas alertam que essas medidas institucionalizam a transfobia e encorajam atitudes hostis da população local, em especial em estados onde as leis estaduais refletem essa retórica conservadora.
A movimentação dos países europeus é um sinal claro de que a questão da transfobia deixou de ser um problema doméstico e se tornou uma preocupação internacional. A segurança de cidadãos trans, independentemente de sua nacionalidade, está sendo colocada em risco por discursos e legislações que ignoram a dignidade e a pluralidade humana. Em tempos de retrocesso, a solidariedade internacional se torna um escudo essencial para proteger vidas trans.