Carismático, apaixonado e intenso, Enrico Meloni é mais do que um DJ: é uma força global na cena eletrônica LGBTQIA+. Nascido na Itália e consagrado nos quatro cantos do mundo, ele construiu uma trajetória que pulsa diversidade, liberdade e conexão verdadeira com o público. Sua fusão inconfundível de tribal house, progressive e ritmos latinos conquistou fãs nas pistas mais emblemáticas do planeta — de circuit parties a grandes festivais, sempre deixando sua assinatura sonora vibrar alto.
Com uma presença magnética e sets que transbordam emoção, Enrico vai além da música: ele cria experiências. Cada apresentação é uma celebração da comunidade queer e um manifesto de pertencimento, acolhimento e orgulho. Além disso, sua autenticidade nas redes, paixão pela culinária e dedicação à arte revelam um artista completo, que inspira dentro e fora das cabines.
Nesta entrevista exclusiva para o Cultura Queer e a Rádio Power Strike, Enrico Meloni compartilha suas influências, vivências marcantes, visões sobre representatividade e os desafios de se reinventar em uma indústria em constante transformação. Prepare-se para mergulhar na mente e no coração de um dos DJs mais icônicos da cena LGBTQIA+ mundial.
Sua trajetória na música começou cedo e, desde então, você vem construindo uma carreira sólida como DJ. Quais foram os momentos-chave no início da sua jornada na cena eletrônica? Como essas experiências ajudaram a moldar seu estilo musical e sua abordagem nas apresentações?
Desde criança, sempre fui fascinado pela música e pelo seu poder de unir as pessoas. Um dos momentos mais marcantes da minha carreira foi quando comecei a tocar nos primeiros eventos LGBTQIA+, e nas festas circuit. A energia do público, a liberdade de expressão, e a conexão que se formava na pista me fizeram perceber que não se tratava apenas de tocar músicas, mas de criar experiências. As viagens também tiveram um papel fundamental, cada cidade onde me apresentei deixou uma marca em mim, influenciando meu som e a forma como construo meus sets.
Seu estilo musical é uma fusão de tribal house, progressive house e influências latinas, criando uma identidade sonora única. Como você desenvolveu essa assinatura sonora ao longo dos anos e quais momentos da sua carreira ajudaram a consolidá-la?
Meu som surgiu de uma mistura de diferentes paixões e influências. Sempre amei os ritmos tribais e latinos, a profundidade do progressive house, e a energia dos vocais poderosos. Com o tempo, experimentei bastante, tentando criar uma identidade sonora que fosse reconhecível e, ao mesmo tempo, em constante evolução. Um momento decisivo foi quando comecei a produzir minhas próprias faixas e testá-las nos meus sets, isso me ajudou a entender o que funcionava melhor com o público e como poderia tornar cada faixa realmente pessoal.
A energia de um DJ pode transformar completamente a atmosfera de um evento. Você se lembra de um momento específico em que sentiu uma conexão intensa com o público? Como essa experiência influenciou sua visão sobre o poder da música na vida das pessoas?
Houve muitos momentos assim, mas um em particular me marcou. Foi em um festival ao ar livre, a noite estava perfeita, e lembro que toquei uma música com um drop bem emocional. Naquele momento, vi as mãos se levantarem em uníssono, os rostos se iluminarem, e a energia se transformar em pura euforia. Foi quando percebi verdadeiramente como a música é uma linguagem universal, capaz de fazer as pessoas esquecerem de tudo e se conectarem em uma experiência compartilhada.
As festas circuit são mais do que música, elas oferecem um espaço de comunidade, pertencimento e celebração para o público LGBTQIA+. Na sua opinião, qual é o impacto desses eventos na promoção da diversidade dentro da cultura eletrônica e na criação de espaços mais inclusivos?
As festas circuit não são apenas eventos musicais, são locais de expressão, libertação e comunidade. Oferecem um espaço onde todos podem ser quem são, sem medo de julgamento, e isso tem um valor imenso. A música eletrônica nasceu de comunidades marginalizadas, e até hoje continua sendo uma plataforma para promover inclusão e diversidade. É importante que esses eventos continuem acessíveis e celebrem a cultura LGBTQIA+ em todas as suas formas.
Além da música, sabemos que você tem uma paixão pela culinária e é conhecido por preparar uma autêntica pasta carbonara. Você vê alguma semelhança entre criar um bom prato e montar um set envolvente? Acredita que seu amor pela culinária reflete sua criatividade artística?
Com certeza! Música e culinária são experiências sensoriais. Criar um set é como preparar um prato, exige equilíbrio, contraste e o tempo certo para cada ingrediente. Não se pode começar com uma explosão de sabores ou sons, é preciso construir gradualmente, brincar com as expectativas. E, assim como na música, na culinária também há sempre aquele elemento surpresa que torna a experiência única.
A carreira de um DJ exige constante adaptação às mudanças da indústria e às novas tendências. Quais foram os maiores desafios que você enfrentou até agora e quais estratégias usou para se reinventar e continuar relevante na cena eletrônica?
Uma das maiores mudanças foi o papel das redes sociais e das plataformas digitais. Hoje, ser um ótimo DJ não é suficiente, é preciso saber se comunicar, criar conteúdo e manter o vínculo com o público. O desafio é manter uma identidade autêntica sem seguir cegamente as tendências. Para continuar relevante, estou sempre me atualizando, experimentando novos sons, e buscando levar algo pessoal aos meus sets e produções.
Ao longo da sua trajetória, você se apresentou em inúmeros clubes e festivais ao redor do mundo. Há alguma performance que se destacou como especialmente significativa? Pode compartilhar um pouco dessa experiência e o que a tornou tão especial?
Cada evento tem algo especial, mas um dos momentos mais significativos foi abrir o show da Lady Gaga no Europride em Roma, no incrível cenário do Circo Máximo. Tocar para milhares de pessoas, sentir a energia coletiva, e ver o público reagindo à minha música foi uma emoção indescritível. Foi naquele momento que tive a certeza de que estava fazendo o que realmente amo.
Com o avanço da tecnologia, as plataformas digitais se tornaram essenciais para os artistas ampliarem seu alcance e manterem uma conexão direta com os fãs. Como você tem utilizado essas ferramentas para promover seu trabalho e garantir que sua música alcance novos públicos?
As redes sociais e as plataformas de streaming são ferramentas indispensáveis para qualquer DJ atualmente. Eu as utilizo não apenas para divulgar minhas faixas e sets, mas também para compartilhar meu mundo, mostrar os bastidores, e criar um diálogo com o público. É uma forma de levar minha música a quem ainda não teve a chance de me ver ao vivo.
Muitos DJs iniciantes têm dificuldade para encontrar seu estilo único e se destacar em um mercado competitivo. Que conselho você daria para quem está começando agora e quer construir uma carreira sólida na música eletrônica?
O principal conselho é: seja autêntico. Não tente imitar outra pessoa ou seguir uma tendência só porque está em alta. Ouça de tudo, experimente, e encontre o som que realmente te representa. E, acima de tudo, seja consistente, construir uma carreira exige tempo, dedicação e muita paixão.
Nos últimos anos, a cena eletrônica LGBTQIA+ cresceu muito e ganhou mais reconhecimento global. Como você vê essa evolução e qual acredita que seja o papel dos DJs na criação de espaços mais seguros, acolhedores e representativos para a comunidade?
A cena LGBTQIA+ está em constante crescimento, e é incrível ver mais eventos e festivais dando espaço para essa comunidade. Os DJs têm um papel fundamental, não somos apenas animadores, criamos atmosferas, enviamos mensagens e moldamos espaços seguros através da música. Podemos dar visibilidade a talentos queer, promover mensagens de inclusão, e usar nossa plataforma para apoiar a comunidade.
Para o público internacional da Rádio Power Strike e os leitores brasileiros do Cultura Queer que acompanham seu trabalho, que mensagem você gostaria de deixar?
Eu amo absolutamente o Brasil. Assim que aterrizo aí, sinto uma energia incrível tomar conta de mim, como se todas as minhas preocupações desaparecessem. Tenho uma conexão profunda com esse país, mas também acredito que, de forma geral, Itália e Brasil compartilham um laço especial. Há algo no espírito brasileiro, a forma como vivem a música, dançam e celebram a vida, que realmente ressoa comigo. Toda vez que volto, me sinto em casa.
Enrico Meloni é muito mais do que um DJ — é um artista que representa com orgulho a força da cena eletrônica LGBTQIA+ no cenário internacional. Com talento, sensibilidade e uma conexão genuína com o público, ele transformou sua paixão em um movimento que atravessa fronteiras e celebra a diversidade com intensidade.
Dos grandes festivais europeus às pistas brasileiras, sua música une, emociona e inspira. Enrico mostra que autenticidade, dedicação e amor pela arte ainda são os ingredientes mais potentes para conquistar o mundo. Sua trajetória não é apenas uma história de sucesso, mas um tributo vivo ao poder da música queer em transformar vidas — dentro e fora das pistas.
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