Prisões em editora russa escancaram repressão contra comunidade LGBTQIA+

Prisões em editora russa escancaram repressão contra comunidade LGBTQIA+

A Rússia deu mais um passo em sua escalada repressiva contra a comunidade LGBTQIA+. Nesta quarta-feira, 14 de maio de 2025, pelo menos dez funcionários da editora Eksmo foram presos durante uma série de operações policiais, conforme informaram agências de notícias russas. Entre os detidos está Anatoli Noroviatkin, diretor de distribuição da editora, um dos nomes de maior peso no mercado editorial do país.

A ação teria como alvo obras publicadas pela editora Popcorn, que atua como selo da Eksmo e é conhecida por trazer à luz narrativas ligadas a vivências LGBTQIA+. A repressão acontece no rastro de uma legislação cada vez mais dura, que visa apagar qualquer representação da diversidade de gênero e orientação sexual dos espaços públicos e culturais da Rússia.

Popcorn: a primeira na mira da censura

Em janeiro de 2023, a Popcorn entrou para a história como a primeira editora processada oficialmente por “propaganda LGBTQIA+”, após a denúncia de um deputado russo. A acusação veio à tona em um relatório da ONG OVD-Info, que monitora e defende os direitos de pessoas presas por motivos políticos no país.

Desde então, a editora vem sendo constantemente vigiada, tendo suas publicações tratadas como ameaça à “moral nacional” – um discurso que vem sendo alimentado pelo próprio Kremlin nos últimos anos.

Censura legalizada e violência institucionalizada

A repressão institucional ganhou fôlego com uma série de mudanças legais no fim de 2022, quando a legislação russa passou a proibir qualquer forma de “propaganda LGBTQIA+” nos meios de comunicação, internet, livros e até em produções cinematográficas. A medida serve como base para ações como as que atingiram a Eksmo e a Popcorn.

Em novembro de 2023, a Suprema Corte da Rússia foi além: declarou o “movimento internacional LGBTQIA+” como organização extremista, em uma decisão genérica e vaga, mas com enorme potencial destrutivo. Desde então, qualquer vínculo com a comunidade LGBTQIA+ pode ser interpretado como ato criminoso, passível de penas severas.

Conflito ideológico e guerra cultural

A perseguição à diversidade sexual e de gênero se tornou parte do discurso oficial russo desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022. O Kremlin posiciona esse conflito como uma batalha ideológica contra o Ocidente e seus valores, que considera “decadentes”. Nesse cenário, a comunidade LGBTQIA+ é transformada em bode expiatório, usada como símbolo de tudo o que o regime rejeita.

A prisão dos funcionários da Eksmo representa mais um ataque direto à liberdade de expressão, à cultura e aos direitos humanos fundamentais. Mais do que uma ação policial, trata-se de uma tentativa de silenciar narrativas que desafiem o conservadorismo autoritário que hoje domina a política russa.

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