Salvador está colocando a escuta no centro da construção de políticas públicas. No dia 9 de maio, a cidade sediou uma etapa preparatória da 2ª Conferência Municipal de Políticas e Promoção da Cidadania LGBTQIA+, reunindo representantes da sociedade civil e do poder público em nove pré-conferências simultâneas espalhadas pelas regiões administrativas da capital baiana.
A iniciativa, comandada pela Secretaria Municipal da Reparação (Semur) e pelo Conselho Municipal de Promoção e Defesa dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CMLGBT), marca um passo fundamental rumo ao evento principal, que acontece nos dias 22 e 23 de maio.
“A participação da sociedade civil nas pré-conferências LGBTQIA+ é essencial. São nesses espaços que ouvimos quem vive na pele os desafios e as urgências da nossa cidade”, afirmou Isaura Genoveva, titular da Semur, destacando o papel central do diálogo na formulação de políticas públicas eficazes.
A pedagoga Marlene Machado Silva, da Secretaria Municipal da Educação, reforçou a importância das discussões para todas as esferas: municipal, estadual e nacional. Segundo ela, o momento é de transformar vivências em propostas concretas. “Estamos em busca dessas conquistas e estamos conseguindo alcançar êxito. Principalmente a partir do momento em que o nosso prefeito abraça a causa”, afirmou.
Durante as pré-conferências, foram apresentadas ações em curso pela Prefeitura, como o Ambulatório Municipal Especializado em Saúde LGBT+, que atua desde 2022 no Multicentro Carlos Gomes e já soma milhares de atendimentos. Outro destaque é o Centro Municipal de Referência LGBT+ Vida Bruno, que ofereceu 875 atendimentos no último ano, com serviços gratuitos voltados à população LGBTQIA+.
Essas estruturas têm garantido não só acolhimento, mas também acesso real à saúde, assistência social e orientações jurídicas. Luís Carlos Laurenço, coordenador do curso de Direito da Unijorge e do Núcleo Amado, pontuou que os encontros trazem à tona temas como a velhice LGBTQIA+, enfrentamento à violência e os direitos coletivos.
A juventude LGBTQIA+ também marcou presença nos debates. O estudante de Psicologia Bruno Abbade destacou a relevância de se formar com base em escuta e respeito às subjetividades. “É importante que a gente traga atenção para esse debate, tanto para a criação de novas políticas quanto para uma melhor compreensão da comunidade em geral.”
Já Henrique Ávila, da ONG Motirô Bahia e membro do Núcleo Amado, celebrou o apoio da gestão pública à realização das pré-conferências: “É dizer que nós existimos, que estamos aqui. A Prefeitura tem esse olhar sensível, promovendo políticas públicas, acesso à saúde, educação, trabalho e qualidade de vida”.