Incidentes de ódio contra LGBTQIA+ crescem 24% em Los Angeles

Incidentes de ódio contra LGBTQIA+ crescem 24% em Los Angeles

Um levantamento inédito da Comissão de Relações Humanas do Condado de Los Angeles revelou um aumento significativo de 24% nos incidentes de ódio contra pessoas LGBTQIA+ em 2023, em comparação com o ano anterior. Os dados fazem parte do primeiro Relatório de Incidentes de Ódio do condado, criado para fornecer uma visão mais ampla sobre a violência motivada por preconceito.

No total, foram registrados 821 incidentes de ódio em 2023, contra 609 em 2022, o que representa um aumento geral de 35%. Dentre os casos motivados por gênero, 40 dos 55 registros foram direcionados a pessoas transgênro, o que evidencia uma vulnerabilidade extrema desse grupo específico.

Violência que fere mesmo sem crime

Os incidentes de ódio, diferentemente dos crimes de ódio, não necessariamente configuram uma infração criminal. Ainda assim, têm impactos profundos e traumáticos nas vítimas e na coletividade. A definição inclui abusos verbais, assédios e a divulgação de material ofensivo, motivados por preconceitos contra a identidade real ou percebida de indivíduos ou grupos.

Casos como insultos transfóbicos no transporte público, ameaças baseadas em origem imigratória ou a distribuição de material supremacista branco em espaços públicos fazem parte dessa categoria.

Preconceito afeta múltiplos grupos

O relatório também revela que a intolerância está longe de atingir apenas a comunidade LGBTQIA+. Os afro-americanos continuam sendo os mais atingidos, com 52% de todos os incidentes de ódio motivados por raça ou etnia. Os casos anti-negros aumentaram de 211 para 237 (12%).

Latinos ocupam o segundo lugar, com 69 ocorrências (15%), sendo que 60% envolvem ofensas anti-imigrantes. A população asiática aparece logo em seguida, com 66 casos (redução em relação aos 76 de 2022), dos quais um terço foi motivado por sentimentos anti-chineses.

Long Beach e o desafio da segurança para pessoas LGBTQIA+

Apesar de avanços em algumas políticas locais, moradores de Long Beach apontaram que a cidade ainda falha em garantir um ambiente realmente seguro e inclusivo para a comunidade LGBTQIA+. A percepção popular contrasta com o discurso institucional e reforça a necessidade de ações mais concretas e eficazes.

Discurso de ódio e seus limites legais

Embora o discurso de ódio nem sempre configure crime, torna-se uma ofensa legal quando envolve ameaças de violência escritas ou faladas contra pessoas ou grupos específicos. O relatório reforça que tanto incidentes quanto crimes de ódio violam padrões internacionais de direitos humanos.

“Os incidentes de ódio podem ser tão traumáticos para as vítimas quanto os crimes de ódio e podem perpetuar a desigualdade sistêmica; então todos nós devemos denunciá-los, não aceitá-los como ‘normais'”, afirmou Robin Toma, diretor executivo da comissão.

Próximos passos: educação e visibilidade

Com base nesses dados, o Condado de Los Angeles lançará a campanha “Signs of Solidarity” na primavera de 2025. A ação busca ampliar a conscientização e combater os incidentes de ódio nos cinco distritos com os maiores níveis registrados de intolerância.

A iniciativa terá foco em populações imigrantes, negras e trans, que estão entre as mais afetadas. O objetivo é promover solidariedade, educação e ações afirmativas para criar comunidades mais seguras e justas.

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