Governador de SC aposenta major trans após 25 anos de serviço

Governador de SC aposenta major trans após 25 anos de serviço

A major Lumen Lohn Freitas, policial militar com 25 anos de carreira, foi aposentada de forma compulsória da Polícia Militar de Santa Catarina no fim de março de 2025. A decisão partiu do governador Jorginho Mello (PL), e foi oficializada por meio de publicação no Diário Oficial do Estado.

Lumen ingressou na corporação em 1998 e, ao longo de mais de duas décadas de serviço, construiu uma trajetória marcada pela dedicação e pela competência. Em 2022, tornou pública sua identidade de gênero como uma mulher transgênero e, a partir de então, solicitou à instituição a mudança de seu nome social e o respeito à sua identidade.

Apesar do gesto ser legítimo e garantido por leis e normas institucionais, a reação do governo estadual foi outra: em vez de acolhimento, veio a exclusão. A aposentadoria compulsória, medida extrema e rara, levantou debates sobre transfobia institucional e perseguição política-ideológica dentro da estrutura da segurança pública catarinense.

Repercussão e apoio político à major Lumen

A decisão gerou comoção entre ativistas, lideranças políticas e defensores dos direitos humanos. Leonardo Camasão, vereador de Florianópolis pelo PSOL, se manifestou em solidariedade:

“Me solidarizo com a luta da companheira Lumen! Conte comigo para fazermos juntos uma Santa Catarina mais diversa. Essa decisão precisa ser revertida”, afirmou Camasão.

A fala do vereador expõe o sentimento de muitos que enxergam na aposentadoria compulsória uma tentativa de silenciar e afastar corpos dissidentes dos espaços de poder e autoridade — neste caso, o comando militar.

Um retrocesso institucional camuflado de legalidade

É importante destacar que a aposentadoria compulsória é um recurso que pode ser usado por governos em casos excepcionais, como por motivo de saúde ou outros impedimentos graves. No entanto, não há qualquer informação pública de que a major Lumen estivesse inapta para o serviço. Pelo contrário, seu histórico é de plena atividade, competência e honra à farda que vestia.

O caso acende um alerta sobre como identidades trans ainda enfrentam barreiras estruturais, mesmo após anos de serviço irrepreensível. Quando uma mulher trans é afastada dessa forma, após tanto tempo de entrega à segurança pública, a mensagem que se passa é clara: ainda há resistência e preconceito dentro das instituições.

Lumen: Símbolo de resistência e dignidade

Lumen Lohn Freitas não é apenas uma militar com 25 anos de carreira — ela se tornou um símbolo da luta pela inclusão de pessoas trans em espaços de prestígio, comando e visibilidade social. Sua trajetória inspira e desafia um sistema que insiste em manter padrões ultrapassados de gênero e identidade.

A sua saída forçada não apaga seu legado, tampouco silencia sua voz. Pelo contrário: fortalece a luta por uma segurança pública que represente e respeite toda a diversidade da população brasileira.

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