No sábado, 5 de abril de 2025, o Capitólio do Estado de Minnesota foi palco de uma das maiores manifestações já vistas na região. Milhares de pessoas marcharam até St. Paul para dizer, em uníssono: “Tirem as mãos!” — em repúdio direto às políticas autoritárias, agressivas e polarizadoras de Donald Trump.
O protesto fez parte de uma mobilização nacional. Foram mais de 1.300 comícios “Hands Off!” realizados nos 50 estados dos EUA, em resposta ao que muitos consideram uma tentativa sistemática de desmantelar pilares fundamentais da democracia e dos direitos civis no país.
Thousands of protestors gather at the Minnesota State Capitol as part of the nationwide “Hands Off” protests condemning several actions of the Trump administration Saturday, April 5, 2025.
O evento no Minnesota foi organizado por grupos de resistência como Marcha das Mulheres de Minnesota, MN 50501 e Indivisible Twin Cities, e teve uma pluralidade de vozes. Estavam lá veteranos de guerra, professores, membros da comunidade LGBTQIA+, defensores dos direitos dos imigrantes, funcionários públicos e sindicatos — todos unidos pela urgência de reagir.
Um dos participantes mais tocantes foi Lon Michaelson, veterano que compartilhou sua indignação:
“É apenas a maneira como estamos sendo tratados. Eu me preocupo com o VA porque tem sido meu médico toda a minha vida, e eles estão cortando as pessoas a torto e a direito. Precisamos de todos aqui.”
Esse sentimento foi ecoado por diversos manifestantes, que criticaram os cortes em serviços essenciais, ataques ao meio ambiente, desinformação histórica e ameaças absurdas como anexar o Canadá e a Groenlândia. O desrespeito à população de Gaza, o abandono da Ucrânia frente à agressão russa e as novas tarifas econômicas também foram alvo de forte repúdio.
O comício foi mais que protesto: foi também arte e resistência cultural. Bandas como Unlawful Assembly e Brass Solidarity se uniram espontaneamente, criando uma trilha sonora de protesto que embalou danças, abraços e gritos de guerra.
O ponto alto foi o encerramento: milhares de vozes entoaram “Do You Hear the People Sing”, do musical Les Misérables, em um momento de arrepiar. Ali, a multidão não apenas cantava — reivindicava sua história e seu futuro.
No fim do comício, Melvin Carter, prefeito de St. Paul, subiu ao palco e citou uma das figuras mais icônicas da luta por direitos civis:
“O arco do universo moral é longo, mas se inclina em direção à justiça.” – Dr. Martin Luther King Jr.
E completou com uma verdade afiada:
“Mas não se dobra por si só. Devemos ser os dobradores.”
O timing do evento foi certeiro. Um dia antes, os mercados financeiros despencaram após Trump anunciar novas tarifas, alimentando o medo de uma guerra comercial global e de uma recessão iminente. Para muitos dos presentes, isso foi só mais um capítulo do caos promovido por um ex-presidente que insiste em agir como imperador.
O “Hands Off!” foi, portanto, mais que uma manifestação: foi um levante popular, um lembrete de que o povo está atento e não aceitará a destruição silenciosa das conquistas sociais e democráticas.